Artigo: Prótese de silicone e gravidez: o que toda mulher precisa saber

Prótese de silicone e gravidez: o que toda mulher precisa saber
A decisão de colocar uma prótese de silicone vai muito além da estética, pois envolve autoestima, bem-estar e planejamento de vida.
Só que, quando surge o desejo ou a surpresa de uma gestação, aparecem dúvidas inevitáveis:
Será que o implante interfere na saúde do bebê?
A amamentação com silicone é segura?
O seio pode mudar de forma depois da gravidez?
E quando é o momento certo de trocar a prótese?
Essas questões não podem ser respondidas com frases prontas ou mitos de internet, concordam? Exigem informações baseadas em estudos e na experiência de especialistas.
Por isso, no conteúdo de hoje, vamos entender mais sobre o que mulheres com implantes de silicone precisam saber antes, durante e depois da gravidez, para que a escolha seja tranquila.
A prótese de silicone interfere na gravidez?
Grande parte dos estudos mostram que a prótese não libera substâncias no organismo capazes de prejudicar o bebê.
Isso porque, o material usado, em geral o gel de silicone coesivo, permanece encapsulado dentro de uma membrana e isolado do restante do corpo. No entanto, há pesquisas que sugerem possíveis impactos indiretos.
Um estudo publicado em 2023 observou que mulheres com implantes de silicone com mais de quatro anos de uso apresentaram maior risco de restrição de crescimento fetal antes da 32ª semana.
À época, esse dado gerou repercussão, mas os próprios autores reforçam que a amostra foi pequena e não se pode estabelecer uma relação de causa e efeito definitiva.
Na prática, o que isso significa? Que a gestação com prótese de silicone não é contraindicada, mas merece acompanhamento atento.
Se a prótese for antiga, vale conversar com o obstetra e o cirurgião plástico para avaliar a necessidade de exames complementares.
Amamentação com silicone
Um dos maiores medos de quem pensa em colocar ou já tem prótese é: “Será que vou conseguir amamentar meu bebê normalmente?”.
A resposta é sim, pois diversos estudos confirmam que a amamentação com silicone nos seios é segura, tanto para a mãe quanto para o bebê.
Isso porque o silicone não passa para o leite, uma vez que permanece isolado dentro da cápsula que o corpo cria naturalmente ao redor da prótese. Além disso, a produção de leite está ligada ao estímulo hormonal, não ao implante em si.
O que pode influenciar a amamentação é a técnica cirúrgica utilizada na colocação das próteses.
Quando o corte é feito na aréola, há maior risco de lesar ductos mamários e prejudicar a saída do leite. Já as incisões realizadas no sulco da mama ou na axila preservam melhor as estruturas necessárias para que a mulher possa amamentar.
Por isso, mulheres que desejam ter filhos devem conversar com o cirurgião antes da operação, escolhendo a abordagem mais compatível com o futuro desejo de amamentar.
E para quem já tem prótese, a recomendação é simples: iniciar a amamentação sem medo e contar com apoio de consultoras de lactação, caso haja dificuldade inicial.
Como a gravidez muda os seios com prótese?
Durante a gestação, os seios aumentam de tamanho por causa da ação hormonal e da preparação para a amamentação. Logo, esse aumento de volume não ocorre por conta da prótese, mas do próprio corpo.
O que acontece é que a pele e os ligamentos mamários ficam mais esticados, e, após a amamentação, podem perder firmeza.
É nesse ponto que muitas mulheres percebem mudanças na estética como flacidez, queda da mama ou assimetria. A prótese em si continua intacta, mas a mama que a envolve passa por alterações naturais.
É por isso que, em alguns casos, recomenda-se a mastopexia pós-amamentação — cirurgia que remove o excesso de pele e reposiciona a mama, podendo ou não incluir troca de implante.
Resumindo, a prótese não estraga na gravidez, mas o corpo inevitavelmente muda. E essas mudanças podem afetar a harmonia estética que existia antes da gestação.
Colocar silicone antes ou depois da gestação?
Não existe uma resposta universal, porque tudo depende do projeto de vida de cada mulher.
Quem sonha em melhorar a autoestima e não tem planos imediatos de engravidar pode colocar a prótese sem problemas. Conforme já falamos, a gestação futura não será prejudicada.
Por outro lado, quem planeja engravidar dentro de até uns 12 meses pode considerar esperar.
Como a mama vai mudar bastante durante a gestação e a amamentação, vale pensar em fazer tudo de uma vez — como uma mamoplastia de aumento associada à mastopexia sendo mais vantajoso em termos estéticos e financeiros.
Dá para colocar silicone durante a gravidez ou na amamentação?
Aqui não há dúvidas: não é seguro em nenhuma das situações.
Na gestação, qualquer cirurgia eletiva representa risco desnecessário para mãe e bebê, além de ser eticamente contraindicada.
Já no período de amamentação, o uso de medicamentos, anestesia e antibióticos pode comprometer a saúde do bebê e até interferir na produção de leite.
O consenso entre cirurgiões plásticos e obstetras é esperar pelo menos 3 a 6 meses após o fim da amamentação para avaliar uma cirurgia.
Esse tempo é necessário para que os hormônios se estabilizem e os seios retornem ao seu volume mais próximo do habitual.
Quando trocar a prótese de silicone depois da gravidez?
Os principais motivos para considerar a troca após a gestação são:
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Queda ou flacidez da mama;
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Implante antigo, acima de 10 anos de uso;
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Sinais de contratura capsular ou desconforto.
Além disso, a manutenção regular é fundamental.
A recomendação da FDA (Food and Drug Administration) é realizar uma ressonância magnética a cada 5 a 6 anos para verificar a integridade da prótese, mesmo sem sintomas.
Agindo assim será possível identificar rupturas silenciosas, que podem ocorrer sem sinais externos.
E não subestime esse acompanhamento, pois o risco de ruptura de prótese existe, apesar de baixo e geralmente associado a implantes mais antigos.
Outro ponto de debate é a relação entre próteses e doenças autoimunes. Embora algumas mulheres relatem sintomas sistêmicos atribuídos à chamada “síndrome do silicone”, as evidências científicas ainda não confirmam uma relação direta.
Portanto foque em acompanhamento médico sempre.
O olhar da experiência feminina
Além de dados científicos, é importante ouvir quem vive na pele a experiência, não é mesmo?
Muitas mulheres relatam que a gravidez trouxe mudanças consideráveis no corpo que as fizeram repensar o tamanho ou a posição da prótese.
Outras explicam que conseguiram amamentar normalmente e ficaram satisfeitas com o resultado estético mesmo após a maternidade.
O denominador comum é sempre o mesmo: informação, acompanhamento e realismo nas expectativas. Em outras palavras, quem entra na maternidade sabendo que o corpo vai mudar tende a lidar melhor com as transformações.
Checklist para cada fase
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Antes da gravidez: converse com seu cirurgião sobre planos de maternidade e escolha a técnica cirúrgica mais compatível com a amamentação futura.
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Durante a gravidez: realize pré-natal completo, avise seu obstetra sobre a prótese e mantenha atenção em sintomas diferentes, mas sem paranoia.
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Amamentação: não se preocupe com o silicone, conte com consultoras de lactação se houver dificuldade.
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Pós-amamentação: aguarde de 3 a 6 meses para avaliar procedimentos estéticos, lembrando que mastopexia pode ser indicada em casos de flacidez.
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Manutenção: siga os exames de rotina sempre e consulte o cirurgião plástico regularmente para garantir a integridade do implante.
A combinação de prótese de silicone e gravidez é possível, comum e segura quando acompanhada com responsabilidade. Por isso, o diálogo com o cirurgião plástico e obstetra é o seu maior aliado.