
Consumismo Infantil e Suas Consequências
Muitas crianças passam por uma fase pidona. É aquele momento em que ela deseja ter tudo o que vê. É comum que os pais, tios e padrinhos comprem presentes para suprir essa demanda, mas o interesse da criança não dura mais do que uma semana para a maioria desses itens.O consumismo infantil é aprendido, e com o passar do tempo passa a ser encarado pela criança como uma forma de pertencimento ao seu círculo social. As crianças entendem que para serem aceitas em determinado grupo elas precisam ter aquele brinquedo ou aquele tênis ou peça da moda.Isso acaba confundindo o que é realmente um desejo da criança, com o que é apenas uma vontade superficial por algo que ela apenas acha que precisa - mas não quer realmente. Saiba mais sobre o consumismo infantil do conteúdo de hoje!
Consumismo infantil e suas consequências
Se você tem mais de 30 anos com certeza se lembra da televisão que era recheada de propagandas de brinquedos e produtos voltados para o público infantil. Em meados dos anos 90 isso era muito questionado, já que estimulava bastante o consumismo infantil.O debate foi tão intenso que, de fato, as propagandas foram proibidas através da resolução 163/2014 do Conanda (Conselho Nacional dos Diretos da Criança e do Adolescente). O texto diz que a comunicação mercadológica direcionada para crianças é abusiva e ilegal.Mas, será que isso resolve o problema do consumismo infantil? A resposta é um sonoro “não”. Mesmo sem as propagandas que estimulam as próprias crianças, pais e responsáveis podem desencadear esse comportamento de consumo excessivo nos pequenos.A criança consumista
É comum que os pais, avós, tios e padrinhos comprem presentes para agradar as crianças, muitas vezes motivados pela manifestação de um desejo delas. No entanto, ainda que consideremos como um comportamento normal, ele não é inerente ao ser humano. Ou seja, as crianças não nascem assim.O consumismo infantil é entendido - com o passar do tempo - como uma forma de pertencimento à sociedade. As crianças compreendem erroneamente que para serem aceitas em determinado grupo, precisam ter aquele determinado objeto da moda. Pode ser um brinquedo, roupas, calçados, etc.Como isso acontece?
A criança se torna consumista quando é muito exposta a anúncios, propagandas e reviews de produtos, seja na TV, internet ou mídias impressas. Também influencia quando o consumismo é um hábito em seus pais ou responsáveis.Hoje em dia ainda temos o agravante dos influencers digitais, que são verdadeiros ídolos infantis, e que também estimulam o consumo dos mais variados produtos e serviços.Em muitos aspectos, isso pode desencadear um consumo irresponsável para as criança que não são devidamente orientadas sobre esse assunto.Os males do consumismo infantil
Ser consumista não é apenas ruim para o bolso. Para além dos gastos, esse hábito pode ser o gatilho de uma série de transtornos. Por exemplo, um quadro depressivo ou ansioso, que pode contribuir muito para que crianças consumistas hoje, se tornem adultos inseguros no futuro.Em uma entrevista concedida ao projeto Criança & Consumo, a doutora em psicologia Vera Iaconelli destaca que o consumismo infantil começa como uma promessa de satisfação.Isso quer dizer que a criança quer algo superficialmente e quando ganha, aquilo não lhe satisfaz em profundidade. Portanto, essa busca pela satisfação passa para outro objeto de desejo. O grande perigo desse comportamento é que a criança não consegue elaborar o que realmente deseja de maneira eficiente.Ela não quer de verdade aquilo e nem tem tempo suficiente de pensar nisso, pois como o objeto já foi conquistado, a suposta satisfação foi alcançada. Porém, em pouco tempo a criança simplesmente descarta o objeto e perde o interesse.Assim acaba se tornando compulsiva e desenvolve um padrão comportamental: ela deseja obter coisas para descartá-las em seguida.Confusão de identidade:
Outro risco destacado pela psicóloga é que esse consumo excessivo pode prejudicar a identidade do indivíduo. Isso porque a própria criança não sabe mais o que ela quer, o que gosta de verdade ou não.Basicamente, a criança passa a se confundir e acreditar na premissa de que “o que eu tenho diz quem eu sou”.Por exemplo: ela quer um tênis, mas quer um tênis que tenha especificamente um símbolo de uma marca. Ou seja, não é mais pelo desejo de ter um tênis, mas pelo valor que a marca representa no seu contexto social.Segundo a doutora em antropologia e conselheira da Aliança pela Infância, Adriana Friedmann, em entrevista ao site EBC, o consumismo contribui para uma infância angustiante.O problema pode desencadear uma série de problemas de saúde, incluindo:- Depressão;
- Agressividade;
- Hiperatividade.