Personalize, organize, surpreenda. Você vai amar ;-)

Por que as crianças testam os limites dos pais?

A teimosia, as pirraças frequentes e os comportamentos considerados “difíceis” costumam aparecer com mais intensidade justamente com aqueles que representam uma base segura para a criança: a mãe e/ou o pai. 

Essa constatação é recebida com frustração por muitos pais, e acreditamos que isso seja totalmente compreensível. Afinal, se somos quem mais ama e cuida, por que parecemos ser também os alvos preferidos da teimosia e das birras?

A resposta está relacionada a fatores emocionais, neurológicos e relacionais, que precisam ser compreendidos sem julgamento para não haver erros de interpretação. 

Isso porque, quando os adultos entendem o verdadeiro porquê desses comportamentos, ganham mais ferramentas para lidar com eles de forma construtiva, sem recorrer a punições ou interpretações equivocadas.

Testar os limites dos pais: eis um lugar seguro para expressar as emoções 

Crianças, sobretudo as menorzinhas, ainda estão aprendendo a regular suas próprias emoções

Apesar de óbvio, vale lembrar que ninguém nasce com autorregulação emocional pronta, e por isso, ainda pequenos, costumamos liberar frustrações, cansaço ou descontentamento com quem nos passa mais segurança emocional. 

Quando uma criança tem certeza de que é amada incondicionalmente, mesmo quando está no auge da birra ou da raiva, ela se permite mostrar o que está sentindo – seja positivo ou negativo – com toda intensidade.

Entretanto, isso não significa que estão “abusando” da paciência dos pais intencionalmente, porque na verdade estão demonstrando que confiam no vínculo de amor e segurança para descomprimir. 

É um comportamento natural do desenvolvimento emocional humano, que costuma aumentar entre os 2 e 6 anos, mas pode continuar se manifestando com traços diferentes em faixas etárias posteriores.

Até quando isso vai?

As crianças passam por fases de desenvolvimento cognitivo e emocional mais intensas, conhecidas como “saltos”. 

Durante essas etapas, é comum perceber regressões temporárias no comportamento, aumento da frustração, impaciência e uma aparente “rebeldia”.

Porém, vale explicar que isso acontece porque a criança está reorganizando internamente tudo o que está aprendendo em ritmo acelerado. 

Sendo assim, ela testa os limites justamente porque está tentando entender até onde pode ir agora, com essas novas capacidades e compreensões. 

Testar os limites dos pais faz parte do desenvolvimento cognitivo infantil

Durante a infância, é comum que a criança questione regras, insista em algo mesmo depois de ouvir “não”, e tente negociar condições impossíveis. 

Porém, isso não significa falta de respeito com os pais, mas sim que o cérebro está aprendendo sobre causa e efeito nas relações, previsibilidade e até consistência.

É através desses testes que a criança entende quais comportamentos são aceitos, quais têm consequências e, principalmente, quais adultos mantêm sua palavra. 

Nessa linha, em um ambiente onde as regras mudam com frequência, ou onde o “não” se transforma em “sim” depois de certa insistência, os comportamentos desafiadores podem ganhar força.

Por outro lado, quando os limites são claros e coerentes, a criança internaliza a segurança que essas fronteiras oferecem e tende a não confrontá-las com frequência. 

Por isso, os pais não devem sentir culpa por estabelecer limites, longe disso, podem sempre reconhecê-los como parte essencial do cuidado que tem com seus filhos. Os limites dizem à criança: “eu estou presente, estou atento, e me importo com seu bem-estar”.

A falta deles, por outro lado, gera insegurança. Crianças que não sabem ao certo como devem se comportar sentem que precisam assumir o controle, e por isso testam constantemente os adultos

A diferença entre o comportamento em casa e em outros locais

Não são poucos os pais que relatam sobre a criança ser “um anjo” na escola, na casa dos avós ou com a babá, mas muda completamente na presença deles. 

Essa diferença de postura acontece – sendo considerada até comum – e pode ser explicada por vários fatores. 

No ambiente escolar, por exemplo, as rotinas costumam ser mais estruturadas, com regras fixas e expectativas claras em relação ao comportamento esperado. 

Além disso, o vínculo afetivo gerado na escola, apesar de positivo, não é tão profundo quanto o que se tem com os pais, o que diminui a necessidade de expressar emoções represadas com tanta frequência.

Em casa, acontece justamente o inverso: é onde a criança se sente segura o suficiente para baixar a guarda e externar seus sentimentos, sejam positivos ou negativos. 

Portanto, se seu filho libera o cansaço do dia justamente ao entrar pela porta de casa, isso é um sinal de que você é o porto seguro dele, não de que algo está errado com sua criação.

Como lidar com esses comportamentos sem recorrer à punição

A primeira mudança precisa ser de olhar: encarar esses comportamentos como uma espécie de comunicação emocional, e não como uma afronta direta ou manipulação. 

Quando os pais entendem que o choro ou a atitude de resistir à uma orientação é uma resposta que vai além de uma birra , o adulto se coloca em uma posição mais empática para lidar com o problema.

Assim, em vez de responder com broncas ou ameaças, é mais eficaz acolher a emoção da criança, validar o que ela está sentindo e, em seguida, reafirmar os limites. 

Por exemplo: “Eu sei que você quer continuar brincando, realmente é difícil parar quando está divertido, mas agora é hora do banho. Eu vou ajudar você com isso.

Esse tipo de resposta mostra que o adulto até entende o sentimento da criança, mas não abre mão do que precisa ser feito. Isso também evita que a relação entre pais e filhos vire uma disputa de poder.

O papel do adulto na regulação emocional da criança

Crianças não aprendem a se regular sozinhas, geralmente precisam de adultos que funcionem como espelhos emocionais até que consigam fazer isso por conta própria. 

Portanto, quando a mãe ou pai responde a uma crise com maturidade, calma na medida e a devida firmeza, a criança registra esse modelo em seu repertório.

Por isso, é de suma importância que o adulto também esteja atento ao próprio estado emocional quando responde aos comportamentos indesejados da criança. 

Sabemos que não é fácil manter a paciência diante de uma série de birras, especialmente após um dia cansativo dentro ou fora de casa. 

Isso acontece porque, de forma inconsciente, seu filho está tentando checar se continua sendo amado mesmo quando age fora do esperado. É como se perguntasse: “você ainda me ama e vai continuar amando mesmo quando eu sou difícil?”.

Quando é hora de buscar apoio profissional

Algumas famílias enfrentam cenários mais complexos e frequentes, quando o comportamento vem com agressividade, dificuldade de se acalmar ou a recusa a qualquer tipo de limite. 

Nesses casos, procurar a ajuda de um psicólogo pode ser decisivo. 

O profissional vai ajudar a compreender o contexto por trás do comportamento desafiador direcionado aos pais e orientá-los sobre as melhores respostas para lidar com a questão. 

Se for esse o caso, busque ajuda sem medo, pois esse é um gesto de responsabilidade e cuidado com a saúde emocional de toda a família.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Loading