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Artigo: Meu filho se comporta mal na escola, mas é um anjo em casa?

Meu filho se comporta mal na escola, mas é um anjo em casa?

Meu filho se comporta mal na escola, mas é um anjo em casa?

Veja se soa familiar: a professora chama para conversar sobre seu anjinho, o olhar dela mostra certa apreensão, mas sem delongas vem o relato — “Seu filho vem mostrando alguns comportamentos preocupantes, responde mal aos colegas, não quer participar das atividades e precisamos da sua ajuda.”

Você ouve, mas fica confusa, porque em casa ele é um amor, educado, afetuoso, e você não reconhece essa criança descrita pela professora. Então surge a dúvida: mas por que meu filho se comporta mal na escola e não em casa?

Antes de se culpar ou culpar a escola, é importante entender que o comportamento de uma criança muda conforme o contexto emocional e a segurança que ela sente em cada ambiente.

Seguindo esse raciocínio, em casa, ela sabe que está segura. Já na escola, precisa lidar com regras sociais, frustrações, comparações e uma avalanche de estímulos que, às vezes, ela ainda não sabe administrar.

Comportamento também é uma forma de comunicação

Quando uma criança se comporta mal, geralmente está tentando dizer algo que não consegue transmitir em palavras.

Pode ser cansaço, excesso de exigências, dificuldade em lidar com limites, insegurança ou até sobrecarga — essa última, especialmente comum em crianças mais sensíveis ou com traços de TDAH e ansiedade infantil.

Em casa, geralmente o ambiente é previsível, e o vínculo com os pais dá segurança emocional.

Mas, na escola, seu filho precisa se adaptar a dinâmicas novas, dividir atenção, se impor socialmente e lidar com o medo de errar. Esse contraste é suficiente para mudar completamente o comportamento dele.

A criança não é duas pessoas diferentes dentro e fora de casa, o que acontece é que ela está apenas reagindo de formas distintas a ambientes também distintos.

Portanto, entender isso é o primeiro passo para achar o caminho que leva à solução da questão.

A influência do ambiente escolar no comportamento

A escola tem um ecossistema emocional meio complexo. Isso porque é onde a criança aprende não só sobre matérias, mas também como se autorregular emocionalmente fora de casa e distante dos responsáveis.

Assim, professores que gritam, colegas que zombam, muito barulho, atividades e brincadeiras por várias horas, podem disparar comportamentos que em casa nunca aparecem.

Pesquisas publicadas pela APA mostram que crianças com temperamento mais sensível têm maior chance de reagir com irritação, impulsividade ou retraimento quando se sentem inseguras na escola.

Ou seja, o “mau comportamento” muitas vezes é um pedido de ajuda disfarçado.

Quando o comportamento explosivo é apenas um sinal de adaptação

Muitos pais acabam descobrindo que a agitação, teimosia ou rebeldia na escola são formas que o filho está usando para testar seus próprios limites.

Afinal, em casa, ele já sabe o que pode ou não fazer e até onde pode ir; na escola, precisa entender o que funciona para conquistar atenção, espaço ou respeito.

O psicólogo canadense Gordon Neufeld, especialista em desenvolvimento infantil, explica que crianças que demonstram ser “desorganizadas emocionalmente” longe de casa, geralmente descarregam onde se sentem mais seguras, ou seja, no lar.

Quando o oposto acontece, é sinal de que a criança está acumulando tensão em outros ambientes - que pode ou não ser a escola - e o mal comportamento é uma forma de “soltar o freio” onde ela ainda não se sente plenamente aceita e segura.

Logo, isso mostra que o foco da solução não deve estar apenas em corrigir a atitude, mas em entender a causa por trás dela.

Como ajudar seu filho a equilibrar o comportamento em casa e na escola

O primeiro passo é dialogar com a escola, mas sem assumir um papel de defesa cega nem de acusação.

Peça que a professora descreva situações específicas e não generalizações (ele é agitado, ela não obedece…).

Em casa, é fundamental reforçar rotinas previsíveis, garantir tempo de descanso e criar momentos para ouvir seu filho diariamente. Converse sobre a reclamação da escola e estimule a criança a contar sua versão.

Evite falas como: “filho em casa você é ótimo, mas na escola vive aprontando”. Isso porque, esse tipo de comparação cria culpa, além de reforçar a ideia de que o amor e a aprovação dependem do seu bom desempenho social.

A cooperação entre escola e família é o ponto mais decisivo para mudar o mal comportamento infantil. Por isso, a criança precisa sentir que os adultos que cuidam dela estão no mesmo time e não em lados opostos.

Quando buscar ajuda profissional

Se o comportamento persistir mesmo após ajustes na rotina e o combinado com a escola, pode ser hora de buscar uma avaliação psicológica ou neuropsicológica.

Questões como ansiedade, TDAH, dislexia ou até hipersensibilidade emocional podem estar influenciando o comportamento sem que os adultos percebam.

Uma boa avaliação identifica o que está por trás do sintoma, resultando em um plano de apoio mais assertivo, tanto em casa quanto na escola.

E o mais importante! Evita rótulos injustos, como “preguiçosa” ou “problemático”, que podem marcar a autoestima da criança por anos.

Quando pais e educadores se aprofundam além da superfície, a criança finalmente encontra espaço para se expressar sem medo de julgamentos ou castigos — e aí, sim, o comportamento muda de dentro pra fora.

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