Artigo: Parto pelo olhar do pai: como ele vive essa experiência?

Parto pelo olhar do pai: como ele vive essa experiência?
Durante a gestação, muitos pais imaginam o nascimento como uma cena feliz, geralmente idealizada em suas mentes: mãe serena após dar à luz, bebê chorando imediatamente ao nascer, todo mundo alegre e orgulhoso. A expectativa é de que tudo aconteça como nos filmes, novelas ou em histórias de amigos e familiares onde tudo parece ser perfeito.
Mas, na realidade, o parto é imprevisível, por mais que planos sejam feitos. Pode ser rápido, demorado, com imprevistos, com dores intensas demais, e a única coisa presente em qualquer hipótese são as emoções à flor da pele. Para o pai, essa disparidade entre expectativa e realidade pode trazer bastante ansiedade e frustração.
Alguns homens relatam se sentir “inúteis” por não poder aliviar a dor da parceira; outros ficam tensos ao extremo, tentando controlar a situação do seu jeito, mas sem saber exatamente como. Um exemplo é o pai que planejou registrar cada momento do parto com fotos ou vídeos, mas, diante da intensidade da cena, percebe que não consegue pensar em nada além de respirar junto com a mãe — às vezes passando mal e precisando de amparo médico.
O impacto emocional do parto no pai
O parto é um gatilho poderoso de emoções para todos os envolvidos. Alguns homens descrevem uma mistura de alegria, medo, alívio e deslumbramento que aparece de forma inesperada. Na gravidez era de um jeito, mas quando o bebê nasce efetivamente os sentimentos se intensificam.
Sentem muito medo de que algo dê errado com aquele pequeno serzinho ou de não conseguir ajudar a mãe como ela precisa. Isso faz parte do processo de vínculo e responsabilidade que o pai começa a assumir a partir do nascimento da criança.
Pesquisas mostram que até 40% dos homens relatam grande ansiedade durante o parto, e cerca de 20% sentem sintomas de estresse pós-traumático nos meses seguintes, especialmente quando há complicações ou intervenções médicas de emergência. Esses números indicam que o parto não é só físico e visceral para a mãe; é também uma experiência emocional intensa para o pai.
Participação do pai durante o parto: o que realmente ajuda
Embora o pai não possa sentir fisicamente as contrações, sua presença é fundamental. Estar presente, dar suporte emocional, ajudar nas respirações, segurar a mão da mãe ou apenas fazer companhia faz uma diferença enorme.
Diversas mães contam que o apoio do parceiro é um dos fatores que mais influenciam na percepção de conforto e segurança durante o parto, sobretudo para mães de primeira viagem.
Um exemplo clássico: durante um parto normal, a mãe se mostra exausta e desanimada depois de horas de contrações, mas o pai a incentiva, ajuda a mudar de posição e lembra com carinho que cada contração aproxima a chegada do filho. Pequenas ações como essas ajudam a mãe e fazem o pai se sentir realmente útil e conectado. Posteriormente, essas lembranças fortalecem a união do casal.
4 desafios enfrentados pelo pai durante o parto
Sensação de impotência
Não poder aliviar fisicamente a dor da mãe é provavelmente o mais difícil de lidar. Porém, o pai ainda pode ser útil de outras formas: massagens nas costas, ajudar na posição da mãe, conversar com palavras de carinho e motivá-la fazem diferença. Muitos hospitais oferecem cursos de apoio à gestante que ensinam essas técnicas simples, mas eficazes.
Ansiedade sobre a saúde do bebê e da mãe
A ansiedade costuma diminuir quando o pai entende o processo e mergulha nele desde o começo. Participar das consultas de pré-natal, conversar com o obstetra e esclarecer todas as dúvidas ajuda a reduzir o medo do parto. Existem até aplicativos que orientam sobre as etapas do trabalho de parto, sinais de alerta e técnicas de respiração para manter o casal mais calmo. Informação é a chave para diminuir a insegurança.
Conflito interno
O pai quer estar presente, mas não sabe como agir. Esse dilema é resolvido com preparação. Conversar com a mãe sobre expectativas e alinhar com a equipe médica o que é permitido e recomendado ajuda bastante. Para algumas mães, apenas estar ao lado, manter contato visual e trocar algumas palavras já é o ideal. Não é necessário ter um papel “heroico”, mas sim estar disponível e presente.
Exaustão emocional
O parto é intenso, e a energia que o pai gasta apoiando e controlando suas próprias emoções pode ser enorme. Cuidar de si mesmo é essencial: alimentar-se, hidratar-se e dormir bem antes do grande dia ajudam a preparar o emocional. No dia do parto, lembrar que não é egoísmo cuidar de si, porque um pai exausto não conseguirá dar o suporte necessário à família.
Cursos de preparação para pais e participação nas consultas pré-natal são importantes. Conversar com outros pais que já viveram a experiência também ajuda a reduzir a sensação de isolamento.
A primeira conexão com o bebê
O momento em que o bebê nasce é transformador. Ver o filho pela primeira vez é um choque emocional e físico intenso, uma mistura de alívio, amor e encantamento. Pais que participaram ativamente no parto demonstram um forte vínculo afetivo com o bebê já nos primeiros meses, incluindo mais envolvimento e disposição nas tarefas de cuidado.
Como a preparação do pai para o parto faz diferença
A preparação não é só para a mãe. Pais que se informam, leem conteúdos como este e discutem planos de parto têm menos ansiedade e maior sensação de controle. Saber o que esperar ajuda a apaziguar o medo do desconhecido e permite que o homem esteja presente de forma mais eficiente. A preparação transforma a experiência do parto em algo mais leve.
O parto é transformador para todos, e reconhecer que o pai também precisa de atenção, preparação e acolhimento é fundamental para que a chegada do filho seja um momento de conexão familiar.
Conhece algum papai que aguarda o nascimento do filho? Compartilhe este artigo para que ele possa se preparar e, principalmente, acalmar o coração.
