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Artigo: Trombofilia na gravidez: tudo que uma gestante precisa saber

Trombofilia na gravidez: tudo que uma gestante precisa saber

Trombofilia na gravidez: tudo que uma gestante precisa saber

Trombofilia em outras palavras é a propensão a formar coágulos: tromboses. Entretanto, ter trombofilia gestacional não é a mesma coisa que já ter tido uma trombose em outro momento de vida.

Existem dois grandes grupos:

Trombofilia adquirida

O principal exemplo é a Síndrome Antifosfolípide (APS), que está relacionada ao risco aumentado de trombose, de perdas gestacionais e complicações obstétricas. Revisões recentes explicam condutas específicas para atuar em diagnósticos de APS.

Trombofilia hereditária

Se refere às variantes como Factor V Leiden (FVL), mutação do gene da protrombina G20210A, e deficiências de proteína C, proteína S ou antitrombina. Essas aumentam o risco de trombose em geral e na gravidez, em graus diferentes.

Qual é o risco real da trombofilia na gravidez?

A gravidez é, por si só, um estado pró-trombótico, porque o corpo aumenta fatores de coagulação como uma forma de proteção contra sangramentos no parto. Isso aumenta o risco de trombose venosa (TVP/embolia pulmonar) e, em algumas situações, também está ligado a complicações placentárias, como pré-eclâmpsia, restrição de crescimento e perda gestacional.

Devo fazer exame de trombofilia na gravidez?

Teste de trombofilia não é para toda gestante. Vale saber que as sociedades médicas recomendam investigação em casos específicos, porque o exame traz custos, ansiedade e — em alguns casos — decisões de tratamento que precisam ser muito bem fundamentadas.

Geralmente, recomenda-se testar quando existe:

  • História prévia de trombose venosa espontânea: testar para guiar a necessidade de prevenção futura.
  • História obstétrica preocupante: por exemplo, abortos recorrentes (dependendo do padrão), morte fetal inexplicada, ou pré-eclâmpsia grave. Nesses casos investiga-se APS e, com cuidado e olhar minucioso, trombofilias hereditárias.
  • História familiar de trombose precoce: parente de primeiro grau com trombose pode justificar uma avaliação genética.

Se não houver história pessoal, familiar ou eventos obstétricos sugestivos, o teste rotineiro não é recomendado.

Exames importantes para investigação

Testes para síndrome antifosfolípide

São exames de sangue que procuram anticorpos que aumentam o risco de trombose e complicações na gravidez. Avaliam três marcadores principais: anticardiolipina, anti–beta-2 glicoproteína e anticoagulante lúpico. Quando esses anticorpos aparecem repetidamente, isso pode indicar APS, que exige cuidados específicos na gestação.

Testes genéticos e hematológicos para trombofilia

Esses exames identificam mutações genéticas e alterações do sangue que aumentam a chance de trombose, como Factor V Leiden e Protrombina G20210A, além da análise de proteínas naturais do corpo (proteína C, proteína S e antitrombina). Estes testes ajudam o médico a entender o nível de risco e definir o melhor caminho a seguir.

Mas a interpretação exige atenção: níveis de proteína S diminuem durante a gravidez, portanto alguns testes devem ser feitos fora da gestação ou interpretados por especialistas.

O que fazer se eu tiver uma trombofilia?

A conduta depende do tipo de trombofilia, histórico pessoal e presença de outros fatores como IMC alto, imobilização ou trombofilia combinada. De modo geral:

  • Se já teve trombose antes da gravidez: recomenda-se prevenção com anticoagulante durante a gestação e 6 semanas pós-parto.
  • Trombofilia grave sem VTE: como deficiência de antitrombina ou trombofilia combinada, recomenda-se prevenção durante a gestação e especialmente no pós-parto.
  • Mutações heterozigotas Factor V Leiden e Protrombina G20210A: geralmente não indicam anticoagulante isoladamente; avaliam-se fatores adicionais.
  • APS com complicações: ácido acetilsalicílico em baixa dose + heparina durante a gravidez; APS com trombose prévia: anticoagulante obrigatório.
  • Pós-parto: muitas mulheres com fatores de risco recebem prevenção por pelo menos 6 semanas após o parto.

Que medicação é segura na gravidez?

  • Heparina de baixo peso molecular: padrão para prevenção ou tratamento, não atravessa a placenta.
  • Varfarina: geralmente evitada, pode causar malformações, atravessa a placenta.
  • Aspirina em baixa dose: opção quando há risco obstétrico aumentado, como prevenção de pré-eclâmpsia.

O que você pode fazer desde já

  • Movimentar-se regularmente: evitar longos períodos de imobilidade, caminhar mais.
  • Hidratação: manter consumo adequado de líquidos e controle do ganho de peso.
  • Evitar fumar: buscar suporte para parar se necessário.
  • Informar histórico de trombose ao iniciar o pré-natal.
  • Planejar viagens com estratégias: evitar longos períodos sentada, fazer pausas, usar meias de compressão se orientado pelo médico.

Quando procurar ajuda imediata

Procure atendimento urgente se, durante a gravidez ou pós-parto, houver:

  • Dor, calor ou inchaço em uma perna, especialmente súbito.
  • Dor torácica súbita, falta de ar, sensação de desmaio, suor frio.
  • Sangramento anormal fora do esperado, segundo orientação médica.

Planejamento futuro: anticoncepção e saúde reprodutiva

Se diagnosticada com trombofilia, discuta opções contraceptivas com seu médico. Anticoncepcionais combinados (estrogênio + progesterona) aumentam risco de trombose em certos perfis, enquanto alternativas apenas com progesterona ou métodos não hormonais podem ser seguros.

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