A primeira coisa que muitas vezes nos vem à cabeça quando falamos em videogame e saúde física é o tempo que a criança passa sentada, muitas vezes em uma posição nada confortável.
Mas, o ponto chave é que ficar longas horas mantendo uma postura inadequada pode levar a dores nas costas, no pescoço e, em alguns casos, até mesmo problemas mais sérios, como a má postura permanente.
Além disso, dedicar todo o tempo livre ao videogame acarreta na falta de atividades físicas, o que contribui para o sedentarismo, que é um fator de risco para a obesidade infantil, problema cada vez mais presente na vida das crianças da geração atual.
Movimento, olhos e sono
Crianças que passam horas só jogando videogame inevitavelmente acabam abrindo mão de atividades voltadas para a movimentação física, como brincadeiras ao ar livre ou a prática de esportes.
E nós sabemos que essas atividades são importantes para a saúde física, estimulando o bom equilíbrio, a coordenação motora e o bem-estar geral.
Outro ponto que merece atenção é a saúde dos olhos. Isso porque ficar muito tempo olhando para as telas pode causar fadiga ocular, olhos cansados, visão embaçada e até dor de cabeça.
Ademais, existe ainda a questão do repouso, pois o excesso de horas jogando, especialmente à noite, pode atrapalhar consideravelmente a qualidade do sono da criança ou adolescente.
A razão disso está na luz azul emitida pelas telas que dificulta o relaxamento e a produção de melatonina, que é o hormônio do sono.
O resultado? Noites mal dormidas, que impactam no humor, na concentração, no apetite, no rendimento escolar e das demais tarefas que estejam na rotina.
O impacto emocional e mental para quem passa muito tempo jogando videogame
Assim como pode mexer com o físico, o excesso de tempo no videogame também tem seus efeitos negativos no lado emocional e mental das crianças.
Embora alguns jogos até possam estimular o raciocínio e a concentração, passar muito tempo jogando também pode ocasionar transtornos emocionais como, por exemplo, o constante isolamento.
Mesmo com muitos jogos oferecendo a oportunidade de interação online, o fato de as crianças passarem horas imersas no mundo virtual, faz com que deixem de estar presencialmente com amigos e familiares.
Estresse e ansiedade
Alguns jogos, principalmente os de ação e aventura, podem ser bastante intensos e estimulantes, aumentando consideravelmente os níveis de estresse e ansiedade.
Isso acontece devido a frustração diante de derrotas e fases desafiadoras no jogo que afetam o humor e a paciência das crianças, fazendo com que elas fiquem mais irritadas e até agressivas.
Mas, não é só isso. É importante também observar como o excesso de videogame pode impactar no foco e concentração fora do ambiente virtual.
Não é difícil notar que muitas crianças habituadas a passar muito tempo jogando tenham dificuldade de focar em tarefas que exigem mais paciência e calma, como atividades na escola ou nos deveres de casa.
Apesar de não parecer, tudo isso pode ser uma consequência da intensidade e rapidez com que as coisas acontecem nos games, o que acaba contrastando com o ritmo mais lento da vida real.
Jogos violentos e comportamento: mito ou realidade?
É verdade que existem jogos com conteúdo inapropriado, mas não podemos generalizar.
Estudos mostram que, mesmo que alguns games aumentem a exposição à violência virtual, isso não significa que todas as crianças vão apresentar comportamentos agressivos em decorrência de jogá-los.
A chave aqui é o contexto. Crianças que estão em lares saudáveis, tendo uma boa relação com os pais e demais familiares tendem a não ser tão afetadas por jogos violentos.
No entanto, é sempre importante observar o comportamento dos nossos filhos e estar atento sempre que ocorra alguma mudança para entender as razões.
Então, como encontrar o equilíbrio?
Agora que já falamos dos possíveis impactos, a grande questão é: como garantir que as crianças aproveitem a diversão dos videogames sem que isso prejudique sua saúde?
A resposta está no equilíbrio. E, como em muitas coisas na vida das crianças, os pais têm um papel importante para estabelecer a medida certa.
Desse modo, definir períodos limitados para os jogos é uma ótima maneira de começar, e uma regra comum é que as crianças tenham uma quantidade máxima de horas por dia diante das telas, incluindo os videogames.
Outra maneira de equilibrar o tempo de jogo é incentivando as crianças a participarem de atividades físicas divertidas. Pode ser algo simples, como jogar bola, dançar, andar de bicicleta, apostar corrida ou apenas caminhar ouvindo música.
Assim, é possível compensar o tempo sedentário na frente do videogame e ainda ter momentos de interação com os amigos e a família.
Monitorando o conteúdo dos games
Muitos jogos populares têm conteúdos inadequados e alguns até encorajam compras dentro do próprio jogo, o que pode trazer até problemas financeiros, algo que vai além das questões negativas que já falamos nos tópicos anteriores.
A classificação indicativa dos games é uma boa ferramenta, mas nada substitui o envolvimento direto dos pais no processo de escolha, conhecendo realmente como a dinâmica do jogo funciona. Sendo assim, por que não jogar junto com seu filho?
Pode não parecer, mas participar ativamente das partidas de game é uma forma de criar laços, entender o que atrai a criança naquele jogo e, ao mesmo tempo, observar como ela reage diante de desafios e frustrações.
Esse acompanhamento pode trazer ótimos insights sobre o que está acontecendo na vida emocional da criança e, ao mesmo tempo, ser um momento divertido em família.
Videogame também têm seus benefícios
É importante lembrar que os videogames, em doses moderadas, podem ser benéficos. Afinal, os jogos também auxiliam no desenvolvimento do raciocínio lógico, na tomada de decisões e até mesmo nas habilidades de planejamento.
Games que envolvem resolução de problemas ou cooperação entre jogadores também são uma boa forma de a criança aprender a lidar com desafios e a trabalhar em equipe.
Alguns jogos narrativos também estimulam a criatividade e ajudam as crianças a terem empatia, já que muitas vezes elas precisam se colocar no lugar de um personagem.
Sendo assim, quando bem orientados e com o conteúdo adequado, os videogames podem ser uma ferramenta para o aprendizado e o desenvolvimento de habilidades importantes para a vida.
Cabe aos pais estarem atentos, participando, monitorando e incentivando o equilíbrio entre o mundo digital e as outras experiências ricas que a infância proporciona.
Dessa forma, os videogames podem ser mais um elemento saudável no desenvolvimento dos nossos filhos.