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Atraso na fala do bebê: é preciso se preocupar?

A fala é uma das habilidades mais importantes que desenvolvemos durante a infância. No entanto, alguns bebês podem apresentar um atraso nesse processo, o que pode ser motivo de preocupação para os pais e responsáveis.

O atraso na fala do bebê é definido como a falta de evolução normal dessa habilidade conforme a idade da criança avança. Em outras palavras, o atraso se caracteriza quando o bebê não está falando palavras ou frases, que sejam esperadas para a sua idade.

Esse problema pode ser causado por diversos fatores, como deficiência na audição, atraso no desenvolvimento cognitivo ou motor, transtornos de linguagem ou até mesmo a falta de estimulação adequada. Contudo, um fonoaudiólogo pode diagnosticar e identificar a causa do atraso na fala do bebê, e assim indicar um tratamento individualizado para ajudar a criança.

Quando o bebê começa a falar?

Acompanhar o desenvolvimento de uma criança é algo verdadeiramente encantador. Porém, é natural que os pais se sintam ansiosos para vivenciar junto aos filhos algumas etapas que marcam o seu crescimento. Entretanto, os pais tendem a acreditar que a velocidade com que as coisas acontecem é um indicador de que tudo está indo bem. 

Por isso, quando o bebê demora um pouco mais para falar, os adultos tendencialmente acreditam haver problemas. Mas, vale salientar que o início da fala varia de criança para criança, pois cada uma tem seu próprio ritmo de desenvolvimento. 

Bebês que demoram mais a falar indicam problemas de desenvolvimento?

Em geral, os bebês começam a emitir sons com significado por volta dos seis meses, explorando sons da língua e da garganta. Contudo, é importante lembrar que o desenvolvimento da fala é um processo contínuo e individualizado, pois dependerá de muitos fatores que vão além da saúde física. 

Alguns bebês podem começar a falar mais cedo ou mais tarde do que a média, mas isso não significa necessariamente que haja um problema de desenvolvimento. 

No entanto, se os pais notarem que a criança está muito atrasada em relação às habilidades de fala esperadas para a sua idade, é importante consultar um profissional. No entanto, antes de qualquer coisa, converse com o pediatra que acompanha o desenvolvimento do seu filho, pois ele poderá confirmar se é realmente necessário buscar ajuda de um especialista.

Com quantos meses o bebê começa a falar realmente?

É muito raro que os bebês mostrem qualquer inclinação a falar antes dos 13 meses. Algumas raras vezes eles podem demonstrar isso através de sons mais longos. Porém, o mais comum é realmente que façam isso entre os 12 e 18 meses. 

Certamente ainda não falarão palavras completas e nem com a sonoridade perfeita, mas já se expressam através da fala, emitindo sons que tentam comunicar alguma coisa.

O desenvolvimento da fala se torna ainda mais expressivo a partir dos 2 anos. Nessa fase os pequenos podem falar algo em torno de 50 a 100 palavras. Depois disso o aprendizado de novas palavras varia tanto que não há contagens precisas quanto a isso.

Criança balbuciando

Atraso na fala do bebê: casos que demandam atenção

Se o seu filho passou dos 18 meses e ainda não falou nada, ou se já completou 2 anos e fala apenas poucas palavras, é importante dar maior atenção ao fato. O ideal é buscar primeiro a ajuda do pediatra para saber como proceder.

Alguns indicadores de que a criança pode estar enfrentando um atraso na fala incluem:

  • Ausência de balbucios e de outros sons com significado aos seis meses;
  • Ausência de gestos, como apontar ou acenar, aos 12 meses;
  • Não falar nenhuma palavra simples aos 18 meses;
  • Não usar frases curtas de duas palavras aos 24 meses;
  • Dificuldade em compreender ou seguir instruções simples;

Caso os pais notem algum desses sinais, é importante conversar com o pediatra e avaliar a possibilidade de buscar ajuda de um médico especialista em linguagem, como um fonoaudiólogo, para avaliar se realmente existe atraso na fala do bebê.

Outros aspectos do desenvolvimento da fala do bebê

O atraso na fala do bebê vem geralmente acompanhado de outros sinais de que alguma coisa pode estar errada no desenvolvimento da criança. Na coluna da revista Veja Saúde, a Dra. Adriana Monteiro de Barros Pires, pediatra e vice-presidente do Departamento de Pediatria Ambulatorial da SP, explica que existem outros pontos importantes relacionados às questões da fala: audição e desenvolvimento geral.

Audição

Crianças com problemas auditivos podem apresentar problemas de atraso na fala. Isso porque para aprender a falar precisamos, primeiro, escutar. Então, verifique se o seu filho está com a audição saudável e se ele consegue diferenciar os sons como deveria.

A partir dos 6 meses é interessante apontar para os objetos e falar os seus nomes, repetir os sons que o bebê diz e perguntar para ele o que é cada coisa, estimulando para que possa memorizar.

Além disso, músicas, filmes e leitura compartilhada podem ser fundamentais para a criança conseguir assimilar novas palavras, se familiarizar com os sons e diminuir os riscos de ter atrasos na fala devido à falta de estímulos.

Pronúncia das palavras

Também é importante notar se o bebê está usando palavras e frases simples para se comunicar ou se está ao menos tentando imitar sons e pronunciar palavras. Para crianças maiores, a pronúncia correta também é um aspecto a ser observado para verificar se a fala está se desenvolvendo corretamente.

Nesse contexto, se a criança apresentar dificuldades de pronúncia, é importante avaliar se existem outros problemas que influenciam, como ceceio ou língua presa, por exemplo. Outra possibilidade a ser considerada é a apraxia da fala. Sendo assim, é primordial conversar com um médico para que possa investigar e receber um diagnóstico correto. 

É importante lembrar também que cada criança é única e pode ter diferentes necessidades de estímulo em relação à fala e linguagem. Algumas podem desenvolver facilmente um vocabulário avançado para a idade — veja a Alice que fala palavras difíceis aos 2 aninhos — enquanto outras podem precisar de mais ajuda para ampliar o repertório de palavras e isso é perfeitamente normal.

Desenvolvimento geral do bebê 

Também é interessante ficar de olho no desenvolvimento geral dos pequenos em aspectos que vão além da comunicação verbal. Isso porque, segundo a Dra. Adriana Monteiro, caso não haja nenhum problema auditivo, é comum que atrasos na fala aconteçam quando a criança demonstra algum problema em seu desenvolvimento geral.

Para cada idade, existe uma estimativa de desenvolvimento e isso pode ser acompanhado nas consultas de rotina com o pediatra. Por isso é tão importante manter um acompanhamento regular durante toda a infância.

Atraso na fala do bebê e indícios do espectro autista

O atraso na fala é apenas um dos sintomas possíveis do espectro autista, embora nem todas as crianças autistas apresentem essa dificuldade. O autismo inclui outros sinais relacionados à comunicação, como problemas para interagir socialmente, comportamentos repetitivos e estereotipados, dificuldade em lidar com mudanças na rotina, dentre outros.

Muitas vezes, crianças autistas até desenvolvem bem a fala, mas podem ter dificuldade para pronunciar palavras ou formar frases, enquanto outras podem preferir se comunicar por gestos ou linguagem não-verbal. Por isso, lembre-se de que a comunicação não é apenas sobre vocalização, mas também sobre gestos, expressões faciais e até mesmo o tom de voz. 

Tente se comunicar com seu filho de maneiras diferentes e observe como ele responde. Fique de olho se a criança apresenta dois ou mais sintomas relacionados ao espectro autista e converse com o pediatra a respeito.

 

Criança brincando com a mãe

Como estimular a fala do bebê

Estimular a fala do bebê desde os primeiros meses de vida é muito importante para ajudar no desenvolvimento da linguagem e comunicação. Por isso, existem algumas coisas simples que você pode fazer para ajudar o seu bebê a falar:

Converse com o bebê

Desde o nascimento, os bebês são capazes de ouvir e reconhecer vozes. Sendo assim, fale com ele em um tom suave e agradável, descrevendo as coisas ao seu redor e explicando o que você está fazendo. Por exemplo, enquanto está trocando a fralda dele, você pode dizer “agora vamos trocar a fralda para o bebê ficar mais confortável”.

Cante e recite poemas

O ritmo e a melodia da música e dos poemas são cativantes para os bebês e podem ajudar a desenvolver a linguagem. Cante canções de ninar e recite poemas de versos simples, pois isso ajudará o bebê a se familiarizar com os sons das palavras e a perceber diferentes entonações de voz.

Leia historinhas 

Comece a ler livros para o bebê desde cedo, mesmo que ele ainda não entenda as palavras. Isso ajudará a desenvolver o amor pela leitura e a exposição à linguagem escrita. Você pode escolher livros com ilustrações coloridas e com bastante contraste para que o bebê possa olhar e se divertir.

Brinque com sons 

Faça sons engraçados e até exagere nas expressões faciais para atrair a atenção do bebê e incentivá-lo a fazer o mesmo. Por exemplo, você pode imitar o som de animal e fazer caretas engraçadas para divertir o bebê.

Responda aos sons que o bebê faz

Quando o bebê começar a fazer sons, responda a eles demonstrando atenção ao que ele diz. Faça vocalizações em resposta aos sons que ele fizer, para que o bebê perceba que existe uma reação quando ele expressa algo vocalmente. Isso estimula a conversação e ajuda o bebê a compreender a dinâmica desse tipo de interação.

Use gestos

A linguagem gestual também é importante para o desenvolvimento da fala. Gesticule para o bebê enquanto fala, como se fosse um complemento ao que está sendo dito, por exemplo: acenar para dizer “tchau” ou balançar a cabeça positivamente ao dizer “sim”. Isso ajuda o bebê a compreender não apenas o significado das palavras, mas também a observar nuances sobre as situações em que elas são usadas.

Como se desenvolve a fala do bebê mês a mês

Os bebês ouvem a voz de suas mães e de pessoas próximas a ela, desde a gestação. Desse modo, quando você fala com ele ou mesmo quando conversa com outras pessoas enquanto a criança está por perto, indiretamente estimula o desenvolvimento da linguagem.

Mesmo que o bebê não entenda o significado das palavras, ele ouve a sua voz e as das outras pessoas, e gradualmente se insere no mundo da comunicação verbal. Mas, saiba que o desenvolvimento da fala do bebê é um processo gradual e complexo que vai se aprimorando ao longo dos primeiros anos de vida.

Durante esse período, o bebê passa por diversas etapas, e a fala vai amadurecendo à medida que a criança desenvolve também outras habilidades. Sendo assim, antes de acreditar que o seu filho apresenta atraso na fala ou algum problema de desenvolvimento nesse aspecto, confira abaixo o que esperar mês a mês e como você pode agir:

0 a 2 meses

Dos 0 aos 2 meses, o bebê começa a fazer sons por reflexos, como chorar, suspirar e soluçar. Ele também começa a prestar mais atenção aos sons do ambiente e procura com os olhos a origem deles.

2 a 4 meses

Nessa etapa, o bebê começa a produzir sons mais variados, como sons guturais e até sussurros. Ele também pode balbuciar e tentar imitar o tom de voz dos adultos.

4 a 6 meses

O bebê começa a aprender como se dá a comunicação e você pode estimular a fala da criança quando conversa com ela olhando nos olhos, sorrindo, quando imita os sons que ela emite, ou vice e versa.

Nessa idade, o bebê aprimora suas tentativas de imitar os sons dos adultos com mais frequência e pode dar início às primeiras tentativas de combinações de vogais e consoantes, como “ma-ma” ou “pa-pa”. O bebê também reconhece o próprio nome e atende quando é chamado por ele.

6 a 9 meses

A partir dos seis meses, os bebês começam a brincar mais com os sons. Alguns já falam com facilidade palavras como “dada” ou “gugu”. Eles reagem com um sorriso ao ouvir uma voz conhecida ou com choro ao ouvir algum tom de voz agressivo.

Nessa etapa, você pode brincar com seu bebê inserindo algumas palavras novas, nomeando seus brinquedos — “esse é o urso gigante” — ou brincando com sua imagem no espelho, perguntando quem é que está refletido ali — e dizendo o seu nome em seguida.

Também é nessa fase que o bebê compreende o significado de palavras como “não” e “tchau”. Ele também já consegue apontar para objetos e a entender alguns comandos simples, como “dá tchau” ou “vem aqui”.

9 a 12 meses

Nessa etapa, o bebê já consegue produzir palavras isoladas, como “mamãe” ou “papai”. Além disso, perto de completar um ano, o seu filho pode parar e te olhar quando você diz “não pode”, ou procurar por você, quando alguém pergunta “onde está a mamãe?”.

É nessa idade que o bebê poderá fazer sons com a boca e usar simultaneamente o seu corpo para dizer o que deseja. Por exemplo, ele olha para alguém e levanta os braços para mostrar que “quer colo”, ou entregar um brinquedo para que você saiba que ele quer brincar.

12 a 18 meses

Aqui, o bebê consegue juntar duas ou mais palavras para formar frases como “mamãe, vem” ou “dá bola”. Ele também começa a identificar pelo nome algumas partes do corpo e de objetos familiares. Mesmo sem usar as palavras, os bebês dessa idade conseguem pedir algo apontando, alcançando com as mãos ou olhando para o objeto e balbuciando.

Você pode estimular o seu filho a dizer as palavras que ele conhece falando o nome dos objetos que manuseia, como “copo”, “água” ou “boneca”. Da mesma forma, pode agir assim também quando lê um livro para ele e faz perguntas sobre as ilustrações da história.

Vocês também podem conversar enquanto fazem as atividades diárias em casa, como trocar de roupa, perguntando a ele o que quer vestir, nas refeições, oferecendo opções para que ele escolha o que prefere comer ou beber.

18 a 24 meses

É nessa fase que o bebê começa a produzir frases mais complexas e a utilizar pronomes, como “eu” e “você”. Também é nessa idade que a criança consegue receber e atender ordens mais complexas, como “pega a bola e traz aqui”.

Nessa fase, os bebês já começam a usar gestos mais complexos para se comunicar e continuam a ampliar o vocabulário. Pode ser que seu filho pegue a sua mão, te leve até a estante, aponte para um livro e diga “livo”, comunicando o desejo de ler um livro com você.

Você também pode ajudar a estimular a fala, nessa idade, com brincadeiras que nomeiam os objetos. Por exemplo: dizer o nome de um objeto que está na sala e pedir para seu filho encontrá-lo. Nessa fase, a criança (que não é mais um bebê!) já pode seguir instruções como: buscar o seu sapato no armário.

Da mesma forma, você pode ir ampliando o vocabulário da criança quando ensina canções e rimas, lê, brinca ou conversa com seu filho, estimulando continuamente o desenvolvimento da sua linguagem. Isso porque você vai inserindo palavras e nomeando novos objetos no dia a dia, em suas tarefas rotineiras e em brincadeiras nos momentos de lazer.

De 2 a 3 anos

As habilidades de linguagem se desenvolvem cada vez mais e agora a criança já consegue juntar mais palavras para criar frases e responder a perguntas. Entre 2 e 3 anos, conseguirá responder questões mais complexas e lidar com cenas imaginárias de faz de conta, ou que remetem às suas vivências cotidianas.

Você pode estimular a fala do seu filho aumentando a complexidade do que já ensina para ele. Por exemplo, ensine o seu nome e sobrenome, pergunte sobre o tamanho e formato dos objetos que ele te mostra, faça perguntas abertas que não tenham como resposta “sim” ou “não”. Tudo isso ajuda as crianças, nessa idade, a desenvolver suas próprias ideias e aprender a expressá-las.

Outra dica, é pedir para seu filho lhe contar a história do seu livro favorito. A leitura estimula o desenvolvimento da linguagem e quanto mais você incentivar, mais a criança irá desenvolver a linguagem. Da mesma forma, brincadeiras que envolvem encenação de histórias e a dramatização de papéis criam oportunidades para desenvolver a linguagem.

Viu que não é nenhum bicho de sete cabeças estimular o seu bebê a falar? Siga nossas dicas e orientações e ajude seu filho a desenvolver a linguagem de forma lúdica e prazerosa!

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